Como astronautas fazem cocô e xixi no espaço? Exposição em SP mostra

Exibição do Museu Catavento traz itens originais da NASA, incluindo alimentos consumidos no espaço e o traje de treinamento do astronauta Charles Duke, 10ª pessoa a pisar na Lua

Dezenas de astronautas, de 20 países — incluindo o astronauta brasileiro e atual senador, Marcos Pontes —, participaram da inauguração da exposição “Universo dos Astronautas”, na última segunda-feira (3), no Museu Catavento, em São Paulo (SP).

A amostra, disponível até 1º de fevereiro de 2026, traz diversas curiosidades sobre a vida no espaço, de acessórios para alimentação a itens usados pelos tripulantes na Estação Espacial Internacional (ISS) para lidar com suas necessidades fisiológicas. 

Na "Sala Apollo e a Lua", a exposição reúne itens de astronautas fornecidos pela NASA, como a "cueca" que é usada dentro do traje espacial e os alimentos consumidos no espaço. Em telas interativas, é possível entender melhor como a tecnologia por trás dos objetos era nos anos 1960 e 1970 e o que mudou hoje em dia.

"Esta cueca tem um canudinho ali, para você não espalhar [os resíduos fisiológicos]", afirma Ricardo Pisanelli, diretor de projetos do Catavento, em entrevista à GALILEU. Ele explica que os excrementos vão parar dentro de um saquinho contendo uma pílula com propriedade bacteriana que endurece o material, evitando que ele se espalhe dentro do veículo espacial e cause algum dano.

Cueca de astronauta e itens usados para fazer cocô e xixi no espaço — Foto: Vanessa Centamori
Cueca de astronauta e itens usados para fazer cocô e xixi no espaço — Foto: Vanessa Centamori

O grande destaque da exposição é o traje de treinamento original utilizado por Charles Duke, 10ª pessoa a pisar na Lua, na missão Apollo 16. O astronauta também foi responsável pelo contato por rádio com Neil Armstrong na Apollo 11, jornada na qual o homem pisou pela primeira vez na superfície lunar.

Junto do traje e de outros objetos do uso cotidiano dos astronautas, a NASA e o Museu Cosmosphere (Kansas, EUA) ainda cederam à amostra uma máquina fotográfica que tirou fotos da Lua, expostas ao público.
 

Para a Lua e além

 

Logo na entrada, o visitante é recebido pela “Sala Imersão”, onde uma projeção reproduz a visão da Terra tal como foi observada pelos astronautas que pisaram na Lua. O piso simula o solo lunar, enquanto sons do espaço ajudam a criar a sensação de aclimatação.

Em seguida, na "Sala Céu e Espaço", há uma linha do tempo da descoberta do céu pela humanidade e um meteorito de 7 kg datado de milhares de anos atrás, que pode ser tocado pelos visitantes, e exala um forte cheiro de níquel.

Meteorito exposto no Museu Catavento — Foto: Vanessa Centamori
Meteorito exposto no Museu Catavento — Foto: Vanessa Centamori

No mesmo ambiente, está a réplica do chapéu do aviador Santos Dumont, levada ao espaço por Marcos Pontes, durante a Missão Centenário. A viagem espacial aconteceu em 2006, em homenagem aos 100 anos do voo do 14 Bis — o primeiro voo da humanidade.

"Na Estação Espacial Internacional tem um carimbo. Às vezes, os astronautas levam coisas para lá e as carimbam. Ele [Marcos Pontes] levou o chapéu e carimbou. E algumas coisas que ele carimbou também estão aqui na exposição", conta Pisanelli.
 

A instalação no Museu Catavento foi elaborada por astrônomos do próprio museu junto de parceiros do museu Space Adventure, na cidade de Canela (RS). A novidade faz parte de um ano temático promovido pela instituição, que terá o Universo como eixo central de suas atividades.

"Na inauguração, temos esse evento mundial que nunca aconteceu na América Latina, que traz, pela primeira vez aqui, astronautas do mundo inteiro", destaca Pisanelli. "Eles irão deixar um legado aqui para o museu".
 

Durante o evento de abertura, os astronautas convidados autografaram um totem comemorativo (que você vê na foto acima). Entre os nomes que deixaram sua assinatura na amostra estão figuras históricas da exploração espacial, como Norman Thagard, o primeiro astronauta americano a voar a bordo de uma nave russa, que passou 115 dias na estação espacial Mir em 1995; Bob Cabana, veterano de quatro missões do Ônibus Espacial (STS-41, STS-53, STS-65 e STS-88), que soma mais de mil horas no espaço; e o cosmonauta Alexander Alexandrov, que participou de duas missões de longa duração — Soyuz T-9/Salyut-7 (1983) e Soyuz TM-3/Mir-2 (1987) — acumulando mais de 300 dias em órbita.

A vinda dos astronautas na inauguração da exposição ocorreu após a participação deles no primeiro dia da 36ª edição do Encontro Internacional de Astronautas (36th Planetary Congress), que ocorre pela primeira vez no Brasil, até sexta-feira (7), em Mogi das Cruzes.

 

Serviço

 

 

A exibição, que conta com recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência física ou dificuldades de locomoção, ocupa toda a área da parte de Astronomia do Museu Catavento (dentro da seção Universo), com 300 m² e cerca de 100 itens expositivos, além de 60 fotos feitas no espaço. Em fevereiro, após a vitrine, essa parte do museu passará por uma renovação.

Quando: de 4 de novembro de 2025 a 1 de fevereiro de 2026

Local: Museu Catavento Endereço: Av. Mercúrio, s/nº – Parque Dom Pedro II – São Paulo/SP

Horário: terça a domingo, das 9h às 17h (bilheteria até as 16h)

Ingressos: R$ 18 (inteira) e R$ 9 (meia-entrada). Gratuito às terças-feiras