20 dias após incêndio, comerciantes seguem se resposta

Alguns feirantes defenderam a mudança para o campo e outros reclamaram da demora em efetivação de medidas de socorro a eles

Cerca de 450 comerciantes prejudicados pelo incêndio que atingiu o Shopping Popular, na madrugada do dia 15 de julho, estão instalados próximo ao local, na avenida Carmindo de Campos. 3 semanas após a destruição, os lojistas seguem sem resposta sobre quando e onde irão se restabelecer até a reconstrução do espaço. Na próxima segunda-feira (05), será realizada uma reunião entre a Associação dos Lojistas do Shopping Popular e o Ministério Público (MPMT) para tratar sobre a realocação dos empreendedores.

 

 

Sob sol forte, entre o Complexo Dom Aquino e um fluxo corrente de carros, foram improvisadas tendas para que os comerciantes pudessem vender seus produtos enquanto aguardam medidas das autoridades. Alguns feirantes defenderam a mudança para o campo e outros reclamaram da demora em efetivação de medidas de socorro a eles.


A vendedora de eletrônicos e artigos de celulares, Ana Luiza Morbeck dos Santos, 38, relata a retomada da rotina de trabalho. “Está bem complicado, porque aqui é tudo muito improvisado. A gente não consegue nem ter muita mercadoria, que todo dia tem que levar embora e trazer cedo. Mas estamos esperando ir para o lugar certo, para poder reorganizar as coisas e seguir, prosseguir com a loja”.


A lojista estava há 10 anos trabalhando no local e para ela, o espaço provisório mais adequado seria o Centro Esportivo Dom Aquino. Caso não seja possível, o estacionamento do shopping também é alternativa. “Queríamos ficar aqui na região mesmo, os clientes já são acostumados” comenta.


O empresário Thyles Tenutes, 31, também acredita que o melhor lugar seja o complexo esportivo. “Porque conseguiria trazer as nossas bancas para lá. Se a gente colocar ali no estacionamento, não vai ter lugar para os clientes e eu acho que não vai ser viável", argumentou.


“Todos os nossos clientes já estão focados nessa área. Não tem como a gente mudar para outro espaço longe daqui para depois retornar para cá” acrescenta.


Thyles começou a trabalhar no shopping há 12 anos, como técnico de assistência para eletrônicos. No entanto, há 5 conseguiu montar a própria loja com a esposa e já tinha duas bancas quando ocorreu o incêndio. O comerciante está dependendo da ajuda de um amigo para realizar os consertos.


“A gente perdeu praticamente tudo, porque o maquinário, o que a gente usava para a manutenção, estava tudo dentro da loja. Estamos recomeçando do zero novamente, recomeçando daqui que a gente não tem outro espaço. Um parceiro nosso, cedeu um espaço para fazer a manutenção dos aparelhos e assim a gente tá indo, pega o serviço aqui e faz a manutenção lá”, explicou.


O comerciante segue contando com clientes que ainda o procuram na localização. “Muitos clientes ainda vêm, procuram a gente. A gente já estava no mercado há 5 anos, temos muitos clientes. A gente atende lojista também. Graças a Deus eles não abandonaram a gente” comentou.

Ana Clara Abalém

Comerciante Thayles

Na época em que ocorreu o incêndio, o Ministério Público foi contra a ida dos feirantes para o complexo, uma vez que é o bem público e não atenderia aos fins e interesse da coletividade. O centro esportivo, atualmente, é usado por atletas para treinamentos em várias modalidades. 


A goiana Janaina Santos Camargo, 37, é vendedora há 17 anos e se mudou para Cuiabá, há 3 anos, com intuito de trabalhar no Shopping Popular. A feirante é, atualmente, funcionária de uma loja de artigos para viagem e com pesar relembra as bancas cheias de mercadoria e com a alta demanda de clientes.

Ana Clara Abalém

Comerciantes Janaina

“Eu trabalho com a minha patroa tem 3 anos, então foram 3 anos de conquista. Ela tinha 3 bancas, a gente conquistou as outras bancas. E a gente tinha mercadoria até no estoque. Então, assim, é muito triste não só para mim, mas para todo mundo. Tem pessoas aqui que dependem disso”, lamentou.


Janaína não é cuiabana e enxergava o centro comercial como uma família. “Em 2018, quando eu cheguei aqui, eu passei muitos altos e baixo. O Shopping Popular, para mim, era meu abrigo. Aqui eu não tenho família, sou só eu e meus filhos. Então assim, imagina, para mim foi um baque. Porque eu estou aqui por causa do Shopping Popular.”


Apesar da perda total de bem materiais, a vendedora é grata por ninguém ter se ferido. Ela relata o quão doloroso o incêndio foi para os comerciantes, especialmente pela falta de amparo depois do fato.


“É doído. É muito doído ver o shopping no chão. É muito doído saber de muitas coisas que não tinham seguro. É muito doído você saber que desmoronou de uma tal maneira que não teve recurso. Porque assim, na verdade, hoje nós tínhamos que ter o recurso. Hoje tinha que ter o dinheiro. Eu não estou culpando ninguém, porque Deus sabe quem é culpado", finalizou.

 

 

 

 

Fonte: Gazeta Digital
Crédito da Foto: 
Ana Clara Abalém