O ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro (PSD), afirmou que a demissão de Neri Geller (PP), da secretaria de Política Agrícola, ocorreu para dar transparência nas investigações e evitar qualquer tipo de conflito de interesses dentro do ministério.
Durante seus esclarecimentos sobre o leilão cancelado de arroz na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (19), Fávaro disse acreditar que não há irregularidades envolvendo Geller e sinalizou um possível retorno do colega ao ministério após a conclusão das investigações.
“É muito importante dizer que a exoneração de Neri não foi fazer juízo de valores. E em hipótese alguma de condenação”, iniciou. O ministro ainda usou o exemplo do ex-presidente da República, Itamar Franco, que demitiu o ministro da Casa Civil, Henrique Hargreaves, após ser mencionado na CPI dos Anões do Orçamento como facilitador de negócios.
“Um dos atos mais relevante da história da República aconteceu em 1994. Quando o presidente Itamar demite seu ministro da casa civil, porque tinha denúncia de corrupção na liberação de emendas. Ele foi demitido, foi feito a investigação e 101 dias depois ele retornou ao cargo com toda transparência. É assim que se deve tratar a administração pública”, afirmou.
Fávaro ainda falou que entende a mágoa de Neri Geller pela demissão. Ele lembra que chegou junto com o colega no município de Lucas do Rio Verde há 40 anos atrás com os mesmos objetivos de uma vida melhor, mas que poderá ter o reconhecimento do governo após a conclusão das investigações.
“Não vejo querer criar polêmica nisso, tem que ser elogiado. E minha convicção pessoal, apesar do ato falho de ter as ligações pessoais do filho com a empresa que operou esse leilão, não teve nada de errado que possa sofrer qualquer tipo de condenação. Mas precisa ser investigado, e por isso o presidente Lula determinou que a CGU faça toda investigação, que a PF faça. É fundamental na transparência e isso dá credibilidade nas ações do governo”, completou.
Na terça-feira (18), Neri prestou esclarecimentos, dizendo estar ‘magoado’ com a demissão, mas isentou Fávaro e o ministério da Agricultura de qualquer responsabilidade no leilão.
Geller foi demitido do cargo após a divulgação de suspeitas de irregularidade no leilão, pelo fato de uma das empresas vencedoras ser comandada pelo seu ex-assessor parlamentar, que é sócio de seu filho em outra empresa. Após a crise, Neri Geller foi demitido pelo ministro Carlos Fávaro.
Fonte: Gazeta Digital
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