Clima seco antecipa guerra dos Bombeiros contra o fogo

Atualmente, 23 militares estão atuando no combate ao incêndio na região de Poconé e seis estão em Cáceres, além de 17 brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)

Os incêndios no Pantanal matogrossense já começaram e o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso está atuando no combate às chamas em dois pontos diferentes. Há 12 dias as chamas estão concentradas na fazenda Cambarazinho, em Poconé, e na região do Porto Conceição, próximo de Cáceres. Com a situação alarmante, o governo de Mato Grosso antecipou em duas semanas o início da Operação Pantanal e anunciou o investimento de R$ 30,9 milhões nas ações de combate ao fogo.

 

Atualmente, 23 militares estão atuando no combate ao incêndio na região de Poconé e seis estão em Cáceres, além de 17 brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Não há informações sobre a proporção das chamas no Pantanal, mas alguns pontos estão sob controle na Fazenda Cambarazinho. A principal forma de combate ao fogo são os aceiros, ou seja, faixas de terra, onde a vegetação foi completamente eliminada da superfície do solo para evitar a passagem do fogo às áreas de vegetação.

 

A Operação Pantanal estava com previsão de início para 1º de julho, mas as condições climáticas não estão favoráveis e, conforme a comandante do Batalhão de Emergências Ambientais (BEA), tenentecoronel Pryscilla de Souza, a expectativa é de que as chamas deste ano sejam piores do que os anos anteriores.

 

“As condições climáticas estão mais severas esse ano, tem a questão da crise hídrica na bacia do Rio Paraguai e a gente se preparou para o pior. Nossa equipe já está capacitada e nossos instrumentos de resposta estão prontos para atuar”. Inicialmente, além dos militares que já estão atuando no combate aos incêndios florestais, 53 bombeiros estarão fixos para trabalhar nas ações e o número pode aumentar conforme a necessidade.

 

De acordo com a corporação, as equipes serão divididas entre duas brigadas municipais e três brigadas estaduais mistas, que são compostas por bombeiros militares e brigadistas civis; uma base descentralizada; e cinco equipes de intervenção e apoio operacional do BEA. Estas equipes serão distribuídas nas regiões de Poconé, Barão de Melgaço, Santo Antônio do Leverger, Nossa Senhora do Livramento e Cáceres.

 

A tenente-coronel Pryscilla de Souza comenta o aumento de investimento do estado de Mato Grosso no combate aos incêndios florestais, relembrando a catástrofe de 2020 que serviu como aprendizado.”A gente não estava acostumado com essa realidade aqui no Pantanal e as condições climáticas estão favoráveis à progressão do incêndio”.

 

USO DO FOGO

Além da operação, na manhã de ontem o governo de Mato Grosso anunciou que o período proibitivo do uso do fogo no Pantanal também foi antecipado em duas semanas, devido às condições climáticas da região e com o agravamento da estiagem prevista para os próximos meses. Mauren Lazzaretti, secretária da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), pontua que o grande objetivo das ações de combate é dar respostas imediatas antecipadas aos incêndios, que já se iniciaram, e mitigar qualquer evento que se inicie. A secretaria relembra que apesar dos incêndios que devastaram o Pantanal em 2023 terem se iniciado com raios, é extremamente importante que a população se conscientize e não provoque queimadas criminosas.

 

“Se os fogos criminosos acontecerem nós temos riscos muito grandes de que esses incêndios se tornem de grandes proporções. É crime praticar fogo em período proibitivo. É importante alertar a sociedade de que além dos riscos que impõe, também é um risco o próprio infrator sofrer penas graves. O que nós queremos é o comprometimento da sociedade”. Mesmo com autorização, está completamente proibido o uso do fogo no Pantanal matogrossense. Apenas ações com o uso de fogo preventivo, que é a tem o objetivo de diminuir a propagação de grandes incêndios. A queima prescrita é realizada apenas com autorização e orientação do Corpo de Bombeiros e da Sema.

 

AÇÕES

Lazzaretti destaca que os órgãos responsáveis estão acompanhando desde o início do ano os eventos climáticos que agravam o ano de 2024, aumentando a expectativa de que os incêndios florestais se tornem mais difíceis de serem controlados. Diante disso, é necessário trabalhar preventivamente, para identificar e impedir que qualquer evento com o uso do fogo tome grandes proporções.

 

“O grande diferencial do enfrentamento da temporada de 2024 é a integração entre os órgãos estaduais e federais, extrapolando inclusive a fronteira do estado do Mato Grosso. Assinamos um acordo de cooperação com Mato Grosso do Sul, com o objetivo de que todos possamos trabalhar de forma integrada, cooperando, transferindo informações e exercendo de forma eficaz nossa resposta em campo. Esse é o nosso objetivo e tenho convicção de que estaremos preparados para dar uma resposta”.

 

Mauren Lazzaretti também explica que há um projeto para que haja um Centro Integrado de Proteção Ambiental na Transpantaneira, com estruturas de fiscalização, monitoramento e atendimento à fauna, com hospital e laboratório, além atuações do Corpo de Bombeiros Militar, do batalhão de Emergências Ambientais e da Sema, para o atendimento preventivo de combate aos incêndios florestais.



Fonte: A Gazeta