Em entrevista na manhã desta quinta-feira (6), o presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, o vereador Chico 2000 (PL), afirmou que não tem conhecimento se a facção criminosa “Comando Vermelho” tem “tentáculos” no Legislativo municipal. O vereador Paulo Henrique Amorim (MDB) foi alvo da Operação Ragnatela, que mirou a facção. O presidente lamentou a situação e disse que isso prejudica a imagem da Casa de Leis.
“Infelizmente, situações assim prejudicam sempre [a imagem], por mais que a gente não gostaria que isso acontecesse, mas acontece, é natural. Ele é vereador deste parlamento e de uma forma ou de outra acaba deixando a marca, mas o que a Câmara tiver que fazer, as providências que tiverem que ser tomadas, esta Casa tomará. No entanto, com informações oficiais, eu não posso sair colhendo dados informados pela mídia”.
O parlamentar afirmou que a Câmara não irá aguardar a conclusão da investigação, mas apenas busca as imputações contra Paulo Henrique, para poder tomar alguma medida. Ao ser questionado se o Comando Vermelho tem “tentáculos” no Legislativo, Chico 2000 disse que não tem conhecimento sobre isso.
“Não posso afirmar isso, se eu fizesse seria leviano, primeiro porque não tenho proximidade com a facção e com meus conhecimentos eu não tenho proximidade com quem tem proximidade com essa facção. [...] Com relação ao vereador Paulo Henrique, a informação [de envolvimento] é fruto de uma operação policial, para mim é surpresa”.
Operação Ragnatela
A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (FICCO/MT) prendeu na manhã de quarta-feira (5) um total de 8 pessoas e cumpriu 36 mandados de busca e apreensão (um deles contra o vereador Paulo Henrique) em Mato Grosso e no Rio de Janeiro contra membros do Comando Vermelho que usavam casas noturnas em Cuiabá para lavar dinheiro do crime.
Ao todo, cerca de 400 policiais cumpre as ordens de prisão e de busca e apreensão. Há ainda sequestro de imóveis e veículos, bloqueio de contas bancárias, afastamento de servidores de cargos públicos e suspensão de atividades comerciais. As ordens judiciais foram expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais da Comarca de Cuiabá.
As investigações apontaram, por exemplo, que os criminosos que participavam da gestão das casas noturnas em Cuiabá utilizavam a estrutura para fazer show de cantores conhecidos, custeados pela facção criminosa em conjunto com um grupo de promotores de eventos.
Os acusados repassavam ordens para não que não fossem contratados alguns artistas de outros estados, com influência em outras organizações criminosas rivais, sob pena de represálias da facção.
Fonte: Gazeta Digital