Há 15 anos Cuiabá celebrava escolha para ser sede da Copa e amarga obras inacabadas

15 anos depois de Cuiabá ser escolhida como sede da Copa, obras prometidas na época não chegaram nem perto de serem entregues

No dia 31 de maio de 2009, milhares de pessoas se reuniram na praça 8 de Abril para assistir à escolha de Cuiabá como sede da Copa do Mundo de 2014. Na ocasião, a capital cuiabana vencia a batalha contra Campo Grande e Goiânia para sediar, no Centro Oeste, o maior evento do futebol mundial.


15 anos depois de Cuiabá ser escolhida como sede da Copa, obras prometidas na época não chegaram nem perto de serem entregues. Caso do Veículo Leve Sob Trilhos (VLT), que até hoje não chegou às ruas da Capital e foi trocado pelo Bus Rapid Transit (BRT).


Após a escolha da sede, vieram os jogos e a Arena Pantanal recebeu ao todo 4 confrontos: Chile x Austrália, Japão x Colômbia, Nigéria x Bósnia e Rússia x Coreia do Sul.


De lá para cá, diversas obras foram prometidas e não concluídas. Houve a demolição do antigo Verdão para a construção da Arena Pantanal, entregue sem acabamentos.


Dessas 40 obras, 16 foram finalizadas: trincheira da Jurumirim, trincheira da Mário Andreazza, trincheira do Santa Rosa, trincheira do Verdão/Santa Isabel, viaduto do Despraiado, Complexo Viário do Tijucal, viaduto Dom Orlando Chaves, construção da ponte sobre o Rio Coxipó (avenidas Beira Rio e Antônio Dorileo), duplicação da ponte sobre o Rio Cuiabá na avenida Mário Andreazza, duplicação da rodovia Mário Andreazza, restauração e duplicação da Avenida Arquimedes Pereira Lima, duplicação da Estrada da Guarita, viaduto da Beira Rio, viaduto da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), pavimentação da Rodovia Mário Palma, pavimentação do Entorno da Arena.


Porém, obras muito aguardadas pelos cuiabanos até hoje precisam de melhorias ou ainda não foram entregues como a ampliação e adequação do Aeroporto Internacional Marechal Rondon, Centros Oficiais de Treinamento (COT) Barra do Pari, o Hospital Universitário e a Estrada do Moinho, que juntos somam mais de R$ 2 bilhões de investimentos.

 

Copa Feminina
No último dia 17 de maio, o Brasil foi escolhido como a sede da Copa do Mundo Femina de 2027, e Cuiabá já entrou para lista como uma das favoritas para receber os jogos. Mas dessa vez, mudanças na infraestrutura da cidade para receber os jogos já foram descartadas.


A prioridade ainda é finalizar as obras iniciadas para a Copa do Mundo de 2014.

 

Confira as obras entregues e retomadas pela atual gestão e a situação das outras que estão em andamento.

 

COT UFMT

O Centro Oficial de Treinamento da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) foi projetado para receber as equipes que participaram da Copa do Mundo em Cuiabá. No entanto, as obras estavam paralisadas desde 2014, com um litígio judicial entre Estado e empresa responsável.

 

Após a realização de um levantamento das falhas, a obra foi retomada em 2019 e entregue no começo de 2020. Desde então, já recebeu competições importantes, como o Troféu Brasil de Atletismo. O local é administrado pela UFMT.

 

Avenida Parque do Barbado

A ligação entre a Avenida Fernando Corrêa da Costa e Archimedes Pereira Lima seguia em ritmo lento desde o fim da Copa do Mundo. A atual gestão realizou um diagnóstico dos problemas e readequou o projeto, permitindo que a obra fosse retomada em abril de 2019.

 

Em janeiro de 2020, a Avenida com 1,6 quilômetro de extensão foi entregue. Entre as melhorias adotadas pela atual gestão estão a implantação da rede de iluminação pública. Para avançar com a mobilidade urbana na capital, o Estado deu sequência ao prolongamento da Avenida, entregue em maio deste ano.

 

Trincheira Jurumirim

A trincheira Jurumirim/Trabalhadores começou a ser construída em 29 de março de 2012, dentro do pacote de obras para a Copa do Mundo de 2014. Com orçamento inicial de R$ 39,3 milhões, a obra parou em julho de 2014, já tendo custado R$ 50,5 milhões e com 98% dos serviços executados pelo Consórcio Sobelltar.

 

Ainda em 2014 surgiram infiltrações nas paredes da trincheira e defeitos no pavimento da parte interna. Sem um acordo com o Consórcio, o contrato foi rescindido. Após realizar estudos e identificar as causas das infiltrações, foi realizada uma nova licitação em 2021. A obra foi entregue no primeiro semestre de 2022.

Complexo Viário do Tijucal

 

Já em uso pela população, o Complexo Viário do Tijucal nunca havia sido recebido e apresentava patologias que precisavam ser corrigidas. Após uma análise da situação, foi realizado um acordo com a empresa que corrigiu os defeitos. A obra foi oficialmente recebida em 2020.

 

Atualmente, a Sinfra-MT executa obras de acessibilidade no Complexo, incluindo uma passarela de pedestres.

 

Avenida 8 de Abril

Obra que estava paralisada, teve seu contrato retomado após decisão judicial. Foram finalizados os serviços de restauração das paredes do córrego e do sistema de captação de esgoto.

 

Uma vez que o asfalto havia sido recebido ainda em 2014 e estava fora do período de garantia, a Sinfra-MT lançou uma nova licitação para recuperar o asfalto, melhorar as calçadas e instalar iluminação em LED. Esta obra está com 80% de conclusão.

 

Avenida Archimedes Pereira Lima

A duplicação da Avenida Archimedes Pereira Lima, também conhecida como Estrada do Moinho, estava paralisada desde 2014 e apresentou diversos problemas logo que foi liberada para o trânsito. Após não conseguir um acordo com a empresa responsável pela obra, o contrato foi rescindido e uma nova licitação foi lançada.

 

A Avenida está sendo reconstruída em uma extensão de 5 quilômetros, entre a rotatória do Boa Esperança e o Complexo Viário do Tijucal. No momento, 90% das obras foram executadas.

 

Hospital Universitário

As obras do novo hospital começaram em 2012, mas o contrato foi rescindido em 2014 devido ao não cumprimento do cronograma. À época, apenas 9% do total previsto estava executado. A nova licitação foi realizada em maio de 2020, e, após a elaboração dos projetos executivos, as obras começaram em novembro de 2021, com previsão de três anos de execução.

Atualmente, 61% da obra já foi construída. O hospital terá oito blocos construídos em uma área de 147 hectares. Ele contará com 228 leitos de internação, 68 de repouso e 63 de UTI, sendo 18 pediátricos e 25 neonatais. Também serão construídos 12 centros cirúrgicos, 85 consultórios, 45 salas de exame e 21 salas para banco de sangue e triagem.

 

COT do Pari

As obras no COT estavam abandonadas desde 2014. Com o início da atual gestão, em 2019, a Sinfra instituiu uma comissão para atualizar a situação do local e realizar um diagnóstico. Também foram estudadas propostas sobre como a estrutura poderia ser utilizada, uma vez que ela havia perdido o sentido original.

 

Para garantir a continuidade das obras, a Sinfra-MT buscou um acordo com o consórcio contratado em 2012, que foi homologado pela Justiça em 2022.

 

Após ser concluído, o COT será incorporado a uma Academia Integrada das Forças de Segurança. Uma nova licitação será lançada para atender às necessidades da Sesp. Contudo, tanto o campo de futebol quanto a pista de atletismo serão mantidas.

 

BRT

As obras do Veículo Leve Sobre Trilhos foram abandonadas em 2014, com apenas 18% dos trilhos implantados. Após a realização de estudos, o Governo decidiu retomar o projeto original do Ônibus de Trânsito Rápido (BRT), levando em consideração que esse modal teria um custo menor, seria uma obra mais rápida e também proporcionaria uma tarifa mais barata para a população.

 

A obra foi licitada em 2022. Há duas frentes de serviço abertas, uma na Avenida da FEB e outra na Avenida do CPA.

 

Outras obras

Mato Grosso recebeu quatro jogos da Copa do Mundo de Futebol em junho de 2014. Para receber as partidas da competição, na época o Governo do Estado se comprometeu a realizar algumas obras de infraestrutura. No total, quase 40 obras foram lançadas.

 

Algumas dessas obras não foram concluídas a tempo da competição e outras seguiram sem conclusão até o momento em que a atual gestão estadual tomou posse, em 2019.

 

Algumas obras como as trincheiras Ciríaco Cândia, do Verdão e do Santa Rosa estavam finalizadas e sendo utilizadas pela população, mas não haviam sido oficialmente entregues, o que poderia levar a problemas com órgãos de controle. A gestão trabalhou para eliminar as pendências.

 

A Arena Pantanal não foi entregue oficialmente e encontra-se com o contrato judicializado. Mesmo assim, desde 2019, o estadio recebeu grandes eventos, como jogos da Copa América de Futebol, da seleção brasileira pelas Eliminatórias da Copa, além do Campeonato Brasileiro, Copa Sul-Americana e Copa do Brasil.

 

Havia ainda pendências relacionadas a ampliação do Aeroporto Marechal Rondon em Várzea Grande. No entanto, o aeroporto foi concedido pelo Governo Federal e atualmente está sob administração da Centro Oeste Airports, que realiza obras de melhoria na estrutura.



Fonte: Gazeta Digital