Sem acessibilidade, centro de Cuiabá é o mais caótico

Estreitas, quebradas, com desníveis e ausência de rampa e corrimão, são esses os principais problemas elencados pelos transeuntes

Falta de acessibilidade em Cuiabá causa vários obstáculos para o deslocamento e se a situação é difícil para todos os pedestres, imagina para as pessoas cadeirantes, com mobilidade reduzida e outro tipo de deficiência. A área central da capital é considerada ainda mais caótica. Basta andar pela região que logo é possível verificar obstáculos nas calçadas.

 

Estreitas, quebradas, com desníveis e ausência de rampa e corrimão, são esses os principais problemas elencados pelos transeuntes.

 

Há 36 anos, Manoel Pinto Morais, 54, conta com a ajuda de outras pessoas para conseguir chegar diariamente ao trabalho. Morais é cego, mora no bairro CPA 4, mas atua com braile na Biblioteca Pública Estadual Estevão de Mendonça, que fica no centro, em frente à Praça da República. Dificuldade começa desde quando eu saio de casa, pego o ônibus e desço no ponto na rua Treze de Junho. Depois tenho que seguir a pé até o serviço. Nesse trajeto, tenho que pedir para as pessoas me atravessarem. Ainda bem que a maioria é solidária, mas às vezes, chego atrasado, pois já aconteceu de demorar para conseguir auxílio de alguém.

 

Nesta sexta-feira (16), a operadora de estacionamento Ketiling Fernanda, 23, foi o anjo da guarda de Manoel. Percebi que ele ia cair no caco de vidro que está espalhado ao chão, corri até ele e alertei. Depois ele pediu para ajudar a levá-lo até o trabalho dele.

 

Morais revela que sente frustração e insegurança em andar sozinho. Não tem piso tátil em alto-relevo no chão para fornecer auxílio na locomoção de pessoas cegas como eu. Os poucos que têm, não dão continuidade e terminam em meio ao nada. As calçadas não planejadas, com desnível e quebradas dificultam ainda mais.

 

Com mobilidade reduzida, depois de ser atropelado em 2020, Altemar Rosalino da Cruz, 53, precisou se adaptar às dificuldades de locomoção, principalmente quando não tem companhia para auxiliar no deslocamento. É muito descaso com as pessoas. Na Praça Ipiranga, a calçada é alta, sinto muita dor no joelho na hora de subir, e não tem onde escorar. Já cai uma vez quando estava chegando ao Ganha Tempo. Em vários locais faltam rampas e corrimãos. As calçadas são muito estreitas e não têm espaço para passar.



Fonte: Gazeta Digital