Veterinária cria perfil e dá dicas para cuidar dos bichanos

Os bichanos têm suas particularidades e cuidados específicos que requerem atenção antes mesmo de tomar a decisão de adotar um deles, para garantir que o tutor "vai dar conta do recado"

Há quem diga que o cão é o melhor amigo do homem, mas muita gente prefere mesmo os amigos de 4 patas que ronronam. Não é à toa que cerca de 85% dos tutores de gatos dizem amar mais os animais do que pelo menos um familiar, segundo pesquisa feita nos Estados Unidos pela Consumer Affairs.

 

Já no Brasil, o amor por esses pequenos felinos pode ser notado a partir do crescimento da população destes pets em relação a outras espécies, com elevação de 6%, de acordo com o Censo Pet do Instituto Pet Brasil (IPB). Ou seja, a população de gatos foi a que registrou maior crescimento no país entre os anos de 2020 e 2021, e também o maior aumento anual de felinos desde o início do levantamento, em 2018.

 

Mas se engana quem pensa que cuidar de gatos é moleza. Os bichanos têm suas particularidades e cuidados específicos que requerem atenção antes mesmo de tomar a decisão de adotar um deles, para garantir que o tutor "vai dar conta do recado".

 

“Conviver com gatos pode ser uma experiência incrível, mas requer planejamento. Ao orientar gateiros em potencial, enfatizo a importância de realizar uma pesquisa sobre as necessidades dos gatos e avaliar se estão prontos para assumir a responsabilidade. Isso inclui considerar o espaço, disponibilidade de tempo e capacidade financeira para despesas, alimentação e cuidados veterinários”, afirma a veterinária comportamental "cat friendly", Kaísa Monção.

 

Natural de Jaciara, com formação em Cuiabá pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e morando atualmente no Canadá, Kaísa tem 39,3 mil seguidores no Instagram no qual compartilha vídeos com conteúdos informativos e educativos sobre cuidados e orientações que os tutores devem ter com os felinos. As publicações têm acessos que variam de 5 mil, 10 mil, 200 mil e alguns até 1 milhão.

 

 

A profissional uniu a formação em medicina veterinária com a paixão por gatos para aplicar à área de comportamento e bem-estar felino.

 

O início da jornada se deu ainda na graduação, quando adotou uma gata e passou a observar de perto suas necessidades e comportamentos. “Durante estágios em Medicina Felina, percebi o quão significativo é o impacto da saúde mental e emocional dos gatos em seu bem-estar físico, podendo influenciar até mesmo o desenvolvimento de doenças”, descreve.

 

Foi então que decidiu se dedicar à compreensão e suporte do bem-estar mental dos bichanos, com o objetivo de ajudar mais pessoas a entenderem seus gatos, desmistificar mitos e fortalecer o vínculo entre animal e tutor.

 

Além de todo o conteúdo disponível no perfil, ela atende por meio de consultoria online, auxiliando famílias em diversos estados brasileiros e até mesmo outros países a melhorar a qualidade de vida de seus gatos e a resolver questões comportamentais indesejadas.

 

De acordo com a veterinária, é comum que problemas surjam quando não há um planejamento cuidadoso, levando a situações onde muitos gatos são mantidos em espaços pequenos e com recursos limitados, o que pode resultar em estresse crônico para os animais, mesmo com abrigo e comida.

 

Conforme a profissional, as principais queixas atendidas são relacionadas a conflitos entre gatos da mesma casa, micção em locais inadequados e vocalizações excessivas. Contudo, o foco do atendimento vai além das queixas principais.

 

“Busco compreender e abordar também as questões secundárias que podem estar influenciando o comportamento dos gatos. Isso me permite oferecer orientações abrangentes, desde as adaptações necessárias no ambiente, até mudanças de manejo para alcançar os objetivos desejados. Essa abordagem integrada e personalizada é fundamental para promover um ambiente harmonioso e saudável para os gatos e seu tutor”, salienta.

 

 

 

Infelizmente, casos de abandono podem estar relacionados a comportamentos indesejados dos bichinhos, como urinar fora da caixa de areia ou arranhar móveis, além de agressões direcionadas a humanos ou outros animais.

 

Contudo, segundo a veterinária, todas essas questões têm soluções viáveis que dependem principalmente de mudanças no ambiente e na abordagem dos tutores. “Promover a conscientização sobre essas soluções é essencial, algo que eu busco fazer ativamente em minhas redes sociais, incentivando adoções responsáveis e informadas sobre as necessidades reais de conviver com um gato”, esclarece.

 

 

 

Apesar das análises serem feitas individualmente com base nos relatos, Kaísa separou uma lista de mitos e outros equívocos comuns envolvendo gatos, que incluem:

 

A crença de que os gatos precisam de banhos estéticos, semelhantes aos cães, seja em casa ou em pet shops. Eles não precisam.


O mito de que os gatos são mais apegados à casa do que aos tutores, ignorando o forte vínculo emocional que muitos bichos desenvolvem com seus cuidadores.


A ideia de que os gatos realizam certas ações apenas para contrariar seus tutores (“de pirraça”), quando, na verdade, o gato pode estar comunicando uma necessidade que muitas vezes é básica.


O mito de que os gatos brigam com outros gatos por "ciúmes", quando na realidade eles não foram apresentados corretamente e/ou precisam disputar recursos diante da baixa quantidade ou disposição inadequada dos mesmos.


O mito de sachês (alimento úmido completo) tem alto teor de sódio e, por isso, os gatos não devem consumir, quando na verdade é uma parte essencial da dieta dos gatos, contribuindo para a ingestão hídrica diária e fornecendo nutrientes importantes para sua saúde.


Embora alguns gatos possam apreciar o sabor do leite de vaca, oferecer esse alimento pode ser mais prejudicial do que benéfico para o organismo felino. O alimento não é balanceado para a dieta deles e pode causar problemas digestivos devido à incapacidade do sistema do gato de digeri-lo eficientemente. Isso pode levar a desconforto intestinal, vômitos e diarreias.


A castração pode ser benéfica para a saúde mental do bicho e do tutor, pois poderá reduzir conflitos, micções em locais inadequados, fugas e vocalizações excessivas, caso esses comportamentos estejam relacionados a impulsos sexuais.

 






Fonte: Gazeta Digital