Mulheres representam menos de 30% dos pesquisadores no mundo

Mesmo com os avanços dos últimos anos, dados da ONU e da Unesco apontam que as mulheres representam menos de 30% dos pesquisadores no mundo todo e ainda lutam contra a baixa representatividade em áreas como ciências, tecnologia, engenharia e matemáticas

Neste domingo (11) comemora-se o Dia Internacional das Mulheres e Meninas nas Ciências. Data foi instituída em 2016, após a aprovação pela Assembleia Geral em 2015, e é celebrada pelas Nações Unidas e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).


Mesmo com os avanços dos últimos anos, dados da ONU e da Unesco apontam que as mulheres representam menos de 30% dos pesquisadores no mundo todo e ainda lutam contra a baixa representatividade em áreas como ciências, tecnologia, engenharia e matemáticas.


No entanto, apesar de todos os problemas enfrentados por mulheres que desejam seguir carreira na ciência, há quem persista, caso de Stephanie Santos, 26, mestranda do Programa de pós-graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A jovem é formada em Química pela instituição.


Stephanie contou que começou o curso de Química porque se inspirou em seu tio, que também é formado na profissão. Além disso, ela sempre quis trabalhar com a área da saúde, porém, por questões financeiras não conseguiu fazer biomedicina e medicina. Segundo a jovem, o interesse pela ciência nasceu durante a graduação. 

Arquivo pessoal

Stephanie Santos

 


“Minha ideia de entrar na ciência foi durante a graduação, porque quando eu entrei não tinha muita ideia do que eu queria fazer. Um dos motivos que me fez escolher química era porque eu podia relacionar um pouco com a parte da saúde. Aqui em Cuiabá, biomedicina só tinha em faculdade particular e eu não tenho condições de pagar e eu conheci o curso de porque o meu tio é químico, e ele é uma pessoa muito presente na minha vida desde pequena”, contou a jovem.


Tudo mudou para Stephanie em 2017, quando uma professora do departamento de Química a convidou para participar de uma iniciação científica. A estudante participou do projeto por mais de um ano sem bolsa ou contagem de horas, mas disse que a experiência foi enriquecedora.


“Então entrei nesse laboratório pela professora Nair Honda Kawashita, infelizmente ela faleceu durante a pandemia, mas ela foi uma das minhas maiores inspirações durante a graduação, porque ela era o ápice de tudo que eu um dia sonhei em ser. Ela me deu essa oportunidade, então eu comecei do zero, eu não tinha tido bioquímica ainda, não tinha muita noção do que era, fui atrás e acompanhei alunos de pós. Fiquei um ano sem bolsa, sem nada, estava como voluntária mesmo, nem estavam me dando carga horária e lá descobri que era aquilo que eu gostava”, explicou.


Para Stephanie, um dos grandes desafios da mulher dentro da ciência é se impor, isso porque, ela já vivenciou experiências nas quais a palavra de um homem valia mais do que a dela.


“Às vezes eu falava uma coisa, outra pessoa falava a mesma coisa, mas pelo fato de ser homem, valia um pouco mais do que eu falava, mas dentro da bioquímica eu nunca tive tanto esse problema, sempre fui levada muito a sério porque como eram muitas mulheres nós nos entendemos”, disse.


Segundo Stephanie, em sua opinião, o que falta na ciência para inspirar mais meninas e mulheres é a representatividade, pessoa para se espelhar e entender que também é possível ocupar aquele espaço.


“Nós temos que ver mais mulheres cientistas na TV, sendo reconhecidas pelo trabalho que elas produzem e ganhando mais prêmios. A gente precisa dessa representatividade e inserir mais isso nas escolas, e eu nem falo só para mulheres, falo para jovens em geral”, finalizou.



Fonte: Gazeta Digital