Deputado denuncia que consumo de água de cava garimpeira em Poconé causa vômito e diarreia

Surto entre moradores estaria acontecendo na cidade; prefeito da cidade confirmou o consumo da água e negou situação de "epidemia"

O deputado estadual do PSD, Wilson Santos, denunciou, em entrevista ao canal HNT TV, nesta terça- feira (5), que há indícios de um surto de vômito e diarreia afetando os moradores de Poconé (a 103 km de Cuiabá). O parlamentar relatou que a população está consumindo água de uma cava garimpeira da cidade em razão da secura do rio Bento Gomes, que padece com a estiagem há mais de 40 dias. A prefeitura nega a situação. 

O parlamentar ao falar sobre as PCHs e o projeto de lei Transporte Zero do governo do Estado, relatou que esteve em Poconé e constatou a situação crítica em relação ao abastecimento de água na cidade.   

“Eu estive em Poconé. Há 40 dias não se tira água do rio Bento Gomes, estão tirando água de uma cava garimpeira. Lá, tem uma adutora de 10 km, o rio nasce em Livramento. E, agora tem uma gravidade, de uma pequena epidemia de vômito e diarreia, provavelmente da água fornecida à população que é de uma cava garimpeira, que para você extrair o ouro é utilizado ouro e mercúrio. Já tem famílias lá que estão consumindo água de garrafão. Eu fiz uma denúncia ao procurador de justiça de Poconé e à secretária de Estado da Sema, Mauren Lazzaretti”, denunciou Wilson. 

A reportagem do HNT procurou o vereador do União Brasil, Fábio Oliveira, que afirmou desconhecer o surgimento de uma "epidemia" na cidade, mas disse que iria apurar o caso e levar o assunto à sessão da Casa Legislativa ainda nesta terça-feira (5). 

No dia 28 de novembro, o parlamentar fez uma indicação à prefeitura do município, à Secretaria Municipal e Estadual de Meio Ambiente e à Procuradoria de Justiça especializada em Defesa Ambiental, solicitando uma análise no leito do rio Bento Gomes, manancial que abastece as casas da cidade e que está seco. A indicação pede também uma análise nos lagos e tanques, em especial a nascente do Jurumirin, e córregos afluentes do rio principal.  

No documento, o vereador destacou que, "se necessário, efetue a contratação de uma empresa especializada para o cumprimento" da indicação. Solicitou ainda que a prefeitura "possa decretar estado de calamidade pública ambiental", devido à seca no principal rio de abastecimento da cidade. 


O QUE DIZ A PREFEITURA

O prefeito de Poconé, Atail Marques do Amaral, declarou desconhecer a situação de epidemia na cidade. O gestor confirmou que, desde 2021, o município tem uma parceria com os mineradores para utilizar a água da cava garimpeira. 

“Desde 2021, nós buscamos parceria com os mineradores por uma cava que tem lá uma água, próxima à captação, que foi feita uma análise da água todinho, para poder usufruir. Quando houve o primeiro colapso de água, em 2021, eles estavam lá com quase 15 a 20 caminhões-pipa, pegando água distante no período que o rio estava com dificuldade de água, não tem nada comprovado. Isso não é agora, não tem nada comprovado. Infelizmente, o deputado Wilson exagerou, isso é uma forma de ajudar a empresa Águas de Poconé e a população na ausência de água do rio Bento Gomes”, esclareceu o prefeito.   

Localizado nas proximidades de Porto Cercado, o rio Bento Gomes está totalmente seco. Em consequência, a população enfrenta a falta d'água nas torneiras de casa, até mesmo para serviços essenciais.

Fonte: HNT