Uma série de 18 arrastões, liderados por adolescentes, causou alarme nos comércios de Cuiabá e Várzea Grande. As Delegacias Especializadas do Adolescente (DEA) registraram esses incidentes, resultando na apreensão de 4 menores infratores que agora estão cumprindo medidas socioeducativas no Complexo Pomeri.
A delegada Judá Maali Marcondes explicou que os adolescentes agem em grupos, invadindo estabelecimentos para furtar objetos de pouco valor, que trocam por entorpecentes. Alguns deles, surpreendentemente, são dependentes químicos desde os 8 anos de idade.
Esses arrastões ocorrem com grupos majoritariamente compostos por menores que perderam vínculos familiares e adotaram as ruas como seu lar. Outros, ainda com algum vínculo, vivem em condições degradantes, em barracas de lona nas regiões mais pobres.
Vindos de famílias extremamente carentes, esses jovens enfrentam uma realidade de consumo excessivo de álcool e drogas dentro de casa. Fatores como violência doméstica e problemas de saúde mental os impulsionam a uma dependência química desde a infância, conforme relato da delegada.
Judá Maali ressalta que, desde o ano anterior até agora, foram registrados 12 casos em Várzea Grande e 6 na Capital, envolvendo essa população em formação, o que é profundamente lamentável. Ela destaca a falta de alternativas para acompanhá-los em liberdade e afirma que a internação é a única maneira de oferecer educação, tratamento psicológico e médico, além de capacitação profissional.
Após serem ouvidos pela delegada ou pela psicóloga após serem apreendidos, esses jovens prometem cessar as ações criminosas e se mudar. No entanto, ela enfatiza que essa transformação é muito difícil. Enfrentar a dependência de álcool e drogas é desafiador para um adulto, imagina para um adolescente em formação, observa Judá Maali. Ela acredita que, no ambiente socioeducativo, eles têm mais dignidade do que nas ruas onde vivem.
Para a delegada, os arrastões são apenas a face visível de um grave problema social que requer urgente abordagem do Estado, com o envolvimento de todos os setores da sociedade, incluindo mais investimentos, inclusive em recursos humanos. Ela observa que os profissionais que trabalham diretamente no enfrentamento dessa realidade se sentem impotentes, pois não conseguem oferecer o atendimento individualizado e abrangente necessário para evitar que a violência ceife a vida desses jovens antes que alcancem a idade adulta.