Alerta é acionado em 39 cidades devido à má qualidade do ar e aumento de focos de calor

Os dados são provenientes do boletim do Programa de Vigilância em Saúde de Populações Expostas à Poluição Atmosférica (Vigiar)

Cerca de 30% dos municípios de Mato Grosso estão em alerta devido à má qualidade do ar e à alta incidência de focos de calor. Essas cidades são classificadas como de alto e crítico risco para incêndios florestais, que ameaçam a qualidade do ar e são a principal fonte de emissão de poluentes atmosféricos no estado.

Os dados são provenientes do boletim do Programa de Vigilância em Saúde de Populações Expostas à Poluição Atmosférica (Vigiar), emitido pela Secretaria de Estado de Saúde (SES). O relatório indica que das 39 cidades com maior risco nesse cenário, 26 são os municípios com o maior número de focos de calor registrados no primeiro semestre deste ano. Entre eles estão Nova Maringá, Feliz Natal, Querência e Tangará da Serra.

Os 26 municípios classificados em nível crítico acumulam juntos 4.268 focos de calor (70,11%) dos 6.088 registros ocorridos em todo o estado durante esse período de 2023. Com a qualidade do ar ameaçada, pessoas pertencentes a grupos sensíveis, como crianças, idosos e indivíduos com doenças respiratórias e cardíacas, correm o risco de ter a saúde prejudicada, apresentando sintomas como tosse seca e cansaço.

O professor Ageo Mário Cândido, epidemiologista do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), afirma que os efeitos dos poluentes atmosféricos afetam diretamente a saúde da população, colocando em risco a qualidade de vida.

No caso de Mato Grosso, os principais poluentes são as partículas inaláveis, como fuligem e cinzas, que são geradas pelos incêndios florestais. Essas partículas, segundo o professor, são compostas por partículas pequenas que não são visíveis a olho nu e podem ser transportadas a longas distâncias, podendo penetrar no sistema respiratório.

"Quando essas partículas entram nos pulmões, podem gerar inflamação e podem circular pelo organismo, causando problemas em outros órgãos, além de causar doenças respiratórias como bronquite, asma e outras", explica o professor.

Segundo o professor, é necessário um controle mais rigoroso por parte do estado, especialmente durante o período de seca, quando os impactos na saúde são maiores e não se limitam apenas aos municípios onde ocorrem os incêndios. "Essas partículas se espalham por longas distâncias".