O governador Mauro Mendes (União) expressou críticas à manifestação realizada pelos pescadores de uma das 22 colônias de Mato Grosso, que bloquearam a MT-040, rota entre Cuiabá e Santo Antônio do Leverger, nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (27). O protesto foi direcionado contra o projeto "Transporte Zero", que proíbe o transporte, armazenamento e comercialização do pescado proveniente dos rios mato-grossenses por um período de 5 anos.
Mendes considerou inadmissível impedir o direito de ir e vir das pessoas. Em sua declaração, afirmou: "Manifestar é natural. Manifestar bloqueando o direito dos outros, isso é inadmissível em um Estado de Direito. Se todo mundo que estiver insatisfeito quiser bloquear uma rodovia, isso não pode acontecer".
O governador comparou o bloqueio com as manifestações ocorridas após o segundo turno das eleições contra a eleição do presidente Lula (PT). Ele ressaltou que, embora seja necessário dialogar inicialmente, se a situação persistir, o Estado não pode tolerar esse tipo de ação.
Questionado se as manifestações poderiam atrasar a votação do projeto marcada para quarta-feira (28), Mendes afirmou que isso depende da Assembleia, mas enfatizou que as decisões devem ser tomadas considerando o futuro e não apenas as opiniões de alguns insatisfeitos.
A manifestação contou com a participação de 300 pessoas e teve como objetivo sensibilizar os deputados um dia antes da votação do projeto. A presidente da colônia de pescadores, Tânia Souza, destacou a preocupação com a comunidade carente e a dependência econômica de Santo Antônio, que vive exclusivamente da pesca. Ela questionou como será possível sustentar a cidade sem essa renda extra.
A comunidade ribeirinha contesta a proposta, argumentando a falta de estudos científicos que respaldem o projeto antes de sua implementação. Diante do insucesso das manifestações anteriores, decidiram bloquear o trevo que liga a capital ao município, causando transtornos aos motoristas que utilizam a rodovia.
O projeto, que obteve 13 votos a favor e apenas 5 contra, entrará em vigor em 1º de janeiro de 2024. Durante esse período, somente a pesca na modalidade pesque e solte será permitida, visando a preservação da fauna dos rios.
O governo irá disponibilizar auxílio financeiro aos pescadores por 3 anos, com valores de um salário mínimo (R$ 1.320) no primeiro ano, R$ 660 no segundo ano e R$ 330 no terceiro ano. Nos dois últimos anos, não haverá auxílio do governo.