Operação visa capturar 58 líderes do tráfico envolvidos em crimes nas cidades de Rosário, Nobres e Jangada

Segundo a assessoria da Polícia Civil, os criminosos estão envolvidos em crimes graves, como homicídios e tráfico de drogas, com o propósito de dominar territórios em nome de uma facção

Na manhã desta quinta-feira (15), a Polícia Civil deflagrou a segunda fase da Operação Castelo de Areia, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa que lidera o tráfico de drogas em Rosário Oeste, bem como em outros municípios. Ao todo, estão sendo cumpridos 58 mandados de prisão e busca e apreensão.

Segundo a assessoria da Polícia Civil, os criminosos estão envolvidos em crimes graves, como homicídios e tráfico de drogas, com o propósito de dominar territórios em nome de uma facção.

A investigação teve início em outubro de 2022, sob responsabilidade da Delegacia de Rosário Oeste, visando identificar os membros dessa organização criminosa e coibir a prática de outros crimes, incluindo homicídios frequentes decorrentes de disputas territoriais. Até o momento, foram identificados 33 criminosos pertencentes a esse grupo estruturado.

Informações apontam que três deles ocupavam os cargos de gerente regional e gerentes locais, encarregados de administrar as vendas para as "bocas de fumo" e cobrar disciplina e obediência dos demais membros da organização criminosa.

O delegado Antenor Pimentel, responsável pela investigação em Rosário Oeste, destaca que o líder do grupo é um criminoso atualmente preso na penitenciária de Várzea Grande. No entanto, mesmo encarcerado, ele ainda mantém o controle regional da facção, liderando o tráfico em Rosário Oeste, Nobres e Jangada, além de envolver-se em outros crimes para assegurar o monopólio da venda de entorpecentes.

"A investigação revelou que, para um indivíduo vender drogas na região de Rosário Oeste, Nobres e Jangada, era necessário ser irmão de facção ou lojista, ambos pagando uma taxa mensal de R$ 100 para a organização criminosa. Comprar drogas de outros fornecedores ou adulterar sua qualidade e quantidade era considerado uma transgressão passível de punição", explicou o delegado responsável pelo inquérito.

Dos 33 criminosos identificados desde o início da investigação, quatro morreram em desentendimentos internos. Os outros 29 alvos da segunda fase da Operação Castelo de Areia foram indiciados pela Polícia Civil por crimes como organização criminosa, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e associação para o tráfico, sendo denunciados pelo Ministério Público Estadual. A Justiça também determinou o bloqueio das contas bancárias dos investigados.

As ordens judiciais foram emitidas pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá.

A atuação da segunda etapa da operação teve como foco a individualização das condutas dos integrantes da organização criminosa na região. A investigação revelou que a organização contava com uma clara divisão de tarefas entre seus membros, com hierarquia de cargos e obtenção de vantagens financeiras para manter o poder e o status.

A maior parte dos lucros provenientes das vendas de drogas e o valor total das taxas cobradas dos membros eram repassados em dinheiro à cúpula da facção.

Em Rosário Oeste, o tráfico era comandado por dois criminosos que dividiam as responsabilidades locais, como distribuição de drogas, compra direta de fornecedores, vendas aos lojistas, cobrança de taxas, aquisição de armas, contabilidade e prestação de contas ao gerente regional, além de imposição de regras e autorização para o ingresso de novos integrantes.

O gerente regional, identificado como P.P.F.P., de 42 anos, encontra-se detido na penitenciária de Várzea Grande, de onde continua liderando e ordenando crimes na região que engloba os três municípios. Sua função consiste em receber os rendimentos do tráfico, monitorar as atividades da facção e obter parte dos lucros provenientes da distribuição de drogas e das taxas recolhidas nas "bocas de fumo".

A comunicação de prestação de contas ao líder criminoso era realizada pelos gerentes locais por meio de um grupo em um aplicativo de mensagens. A dupla de gerentes também instruía o líder sobre como conduzir e cobrar disciplina dos membros, além de incentivar a eliminação de rivais e traidores. "Destaca-se a liderança e periculosidade do preso, pois mesmo estando em uma penitenciária, ele consegue exercer suas funções e influenciar a ocorrência de crimes fora dos muros", ressaltou o delegado Antenor.

Além do tráfico, os gerentes locais da facção também eram responsáveis pela gestão de armas e munições.

Na primeira fase da Operação Castelo de Areia, um dos gerentes locais do tráfico em Rosário Oeste foi detido. Com 23 anos, ele ostentava um estilo de vida extravagante, sem ter uma ocupação lícita. Durante o interrogatório, foi questionado sobre sua atividade profissional e afirmou que, naquele momento, estudava medicina em uma universidade no Paraguai, sendo que sua renda provinha da venda de gado e terras por parte de sua mãe.

Por meio de investigação financeira, a Polícia Civil descobriu que diversas pessoas suspeitas de envolvimento com o tráfico na região realizavam constantes transações financeiras com o indivíduo, as quais não condiziam com atividades lícitas. Conhecido como "Príncipe", ele possuía autorização para recrutar novos membros para a facção.

Ao requerer os mandados para a segunda fase da operação, a Polícia Civil destacou que grande parte dos indiciados possui um histórico de envolvimento repetido nos crimes em questão, demonstrando comportamentos perigosos e não se intimidando com a atuação do sistema de justiça. Sua atuação é baseada na imposição do poder e do terror, não apenas no tráfico de drogas, mas também em crimes violentos relacionados ao monopólio do tráfico.

"O combate ao crime organizado requer investigações abrangentes que atinjam todos os membros e estruturas desse sistema. Os membros de facções criminosas não devem ser vistos apenas como pequenos traficantes. Essas organizações afetam gravemente o Estado Democrático de Direito, estabelecendo um poder paralelo e aliciando jovens para o crime. Somente quando o Ministério Público e o Judiciário reconhecem essa gravidade é possível combater a criminalidade de forma ampla e efetiva, reduzindo os índices de crimes", concluiu o delegado de Rosário Oeste.

A execução dos mandados judiciais da Operação Castelo de Areia conta com o apoio de unidades policiais da Diretoria Metropolitana, incluindo a Delegacia de Nobres, 1ª, 2ª e 3ª Delegacias de Várzea Grande, Delegacias da Mulher de Cuiabá e Várzea Grande, Delegacia Especializada do Adolescente de Várzea Grande, Delegacias de Roubos e Furtos de Cuiabá e Várzea Grande, Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos, Delegacia Especializada de Estelionatos de Cuiabá e 1ª Delegacia de Cuiabá.