O número de pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias federais de Mato Grosso aumentou em mais de 200% nos últimos dois anos. Atualmente, o estado conta com 262 pontos identificados ao longo das cinco rodovias que cruzam seu território, sendo que pelo menos 70% deles são considerados críticos, apresentando riscos altos e médios para a ocorrência desse crime.
Essa vulnerabilidade é observada principalmente em postos de combustíveis, que lideram a lista de locais mapeados, além de bares, postos de hospedagem e casas de shows.
Os dados foram levantados pelo projeto Mapear, desenvolvido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em parceria com o Instituto Childhood Brasil, referentes ao período de 2021 a 2022. No levantamento anterior, realizado entre 2019 e 2020, foram identificados apenas 80 pontos no estado.
Segundo a PRF, essas informações são fundamentais para a implementação de ações preventivas e orientações para um enfrentamento qualificado e integrado entre órgãos, instituições e empresas privadas.
No estado, os pontos de vulnerabilidade foram encontrados em rodovias de 14 cidades, sendo a maioria concentrada nas regiões de Cáceres, General Carneiro, Várzea Grande, Água Boa e Barra do Garças. Dos pontos identificados, 12,6% são considerados críticos, 20,2% apresentam alto risco e 37,8% têm risco médio.
O mapeamento da PRF destaca algumas características comuns nesses locais, como a falta de iluminação e vigilância privada, consumo de bebidas alcoólicas, uso de drogas e prostituição de adultos. Além disso, foi constatada a presença constante de crianças e adolescentes em 20,6% dos pontos, ocorrência de tráfico e consumo de drogas em 63% deles, consumo de bebidas alcoólicas em 87% e prostituição de adultos em 32%.
Vera Bertolini, integrante do Núcleo Interinstitucional de Estudos da Violência e Cidadania (Nievci) da Universidade Federal de Mato Grosso, avalia que o aumento desses pontos evidencia não apenas a importância do mapeamento, mas também a necessidade de ações por parte do estado, autoridades e conselhos, estabelecendo prioridades e traçando estratégias para coibir e punir essas práticas. Ela ressalta a urgência de uma ação efetiva diante dessa triste realidade, que pode ser considerada uma tragédia humanitária.