A exclusão de pessoas com deficiência (PCD) do mercado de trabalho devido ao preconceito ainda é uma realidade preocupante. Atualmente, cerca de 70% das PCDs não possuem emprego formal. Para combater essa situação, um programa foi criado com o objetivo de capacitar PCDs e prepará-los para o mercado de trabalho.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem atualmente 19.063 PCDs entre 20 e 24 anos empregados no estado de Mato Grosso. Na faixa etária de 30 a 34 anos, esse número chega a 2.127.
Para capacitar essas pessoas, o sindicato das Indústrias de Bioenergias de Mato Grosso (Bioind-MT), em parceria com o Senai, lançou o programa "+ Possibilidades: espalhe a energia da inclusão". O projeto de qualificação profissional visa capacitar mais de 300 PCDs em 10 cidades de Mato Grosso nas áreas de Gestão e Logística.
Uma das participantes do programa é Marta Bordignon, de 35 anos, que é cega. Ela estuda no Senai como jovem aprendiz e já está na fase prática do curso "+ Possibilidades". Marta expressou seu entusiasmo em relação à qualificação e ao trabalho.
"Entrei como jovem aprendiz. Estou estudando à noite, recebi uma bolsa e estou adorando o curso de tecnologia em logística. Tenho algumas dificuldades, mas estou aprendendo. Já fui efetivada em fevereiro deste ano e trabalho na área da educação. Encaminho os alunos que chegam atrasados para a sala de aula e ajudo quando necessário. Sem o curso, seria difícil, pois ele nos abre portas", comentou Marta.
Apesar de haver um número significativo de PCDs empregados, o mercado de trabalho ainda não aceita esse grupo com facilidade, de acordo com Silvio Cézar Rangel, presidente do Bioind. A Lei Federal 8.213 de 1991 exige que empresas com 100 ou mais funcionários destinem vagas para pessoas com deficiência, o que facilita a inclusão.
"O projeto oferece mais possibilidades e é inovador. É um projeto que une o setor associado ao sindicato Bioind, que já realiza o trabalho de qualificação profissional em diversas áreas, mas agora estamos focando na qualificação profissional para pessoas com deficiência. Isso é importante para nós, não apenas pela responsabilidade que temos, mas também porque podemos transformar a vida dessas pessoas, incluindo-as no mercado de trabalho e ampliando suas oportunidades no estado", disse o presidente.
Lhais Sparvoli, diretora executiva da Bioind, explicou que os cursos terão duração de um ano, com seis meses de estudo técnico nas unidades do Senai e atuação prática nas indústrias.
"As indústrias de bioenergia de Mato Grosso estão passando por um momento de crescimento, o que gera mais empregos em todos os setores, tanto para pessoas com deficiência quanto em geral. Serão 340 PCDs em 10 cidades diferentes de Mato Grosso, trabalhando em todas as indústrias de bioenergia participantes desse projeto. Os aprendizes PCDs, que talvez nunca tenham trabalhado ou tido experiência profissional, passarão por um ano de aprendizagem e sairão do curso como colaboradores efetivos. As empresas também serão qualificadas para aprender a receber esses profissionais qualificados. Após um ano de capacitação, esses alunos poderão ser contratados como efetivos sob o regime CLT e se tornarem colaboradores permanentes dessas indústrias", concluiu Lhais.