O inverno agrava a situação dos moradores de rua na cidade capital

Essa queda de temperatura atinge mais de 800 pessoas que estão vivendo nas ruas da cidade, incluindo Solange

Solange dos Santos, 51 anos, que vive em situação de rua há mais de uma década em Cuiabá, descreveu a madrugada fria da última terça-feira (30), com temperatura de 18°C, como uma dor nos ossos. Essa queda de temperatura atinge mais de 800 pessoas que estão vivendo nas ruas da cidade, incluindo Solange.

Em barracas improvisadas com papelão e lonas, ou apenas enrolados em cobertores, os moradores de rua enfrentam não apenas a fome, mas também o frio, considerado uma das situações mais tristes que precisam suportar. Solange, conhecida como Sol, afirma que é difícil dizer qual é pior, pois o frio causa dor e a fome também é uma realidade constante. Ela conta que já sentiu frio pelo menos três vezes este ano, deitada no chão da praça que se tornou sua "casa".

Embora a temperatura não pareça ter caído muito, para aqueles que estão no chão gelado, expostos ao vento, a sensação é de um frio ainda mais intenso. Apesar de possuir dois cobertores, um para forrar o chão e outro para se enrolar, eles não são suficientes para as noites mais frias. Solange tenta se virar da melhor maneira possível, mas na maioria das vezes não consegue se aquecer adequadamente.

Mesmo carregando os dois cobertores há muito tempo, Solange afirma que não perde a oportunidade de receber mais, assim como a maioria dos moradores de rua que dependem de doações para enfrentar o frio.

Outro grupo de moradores de rua na mesma região conta que também precisou se virar com o que tinha disponível. Eles usaram panos e papelão para forrar o chão e se juntaram com outros que estavam na mesma situação. Apesar das dificuldades, eles tentam encontrar maneiras de lidar com o frio, como consumir bebidas alcoólicas para se aquecer, fazer fogueiras e se aglomerar para diminuir o frio.

Alguns recebem ajuda da prefeitura e de grupos religiosos em algumas ocasiões, mas nem sempre isso é suficiente. Mauro, 54 anos, outro morador em situação de rua, afirma que as doações precisam ser constantes, especialmente quando há previsão de frente fria. Ele ressalta que os cobertores não duram muito tempo, pois acabam se desgastando e rasgando. Para aqueles que estão nas ruas, renovar essas doações de cobertores é fundamental para enfrentar o frio intenso.