Contrato de R$ 100 milhões é mantido com empresas suspeitas de cartel na Saúde

O juiz alegou que as investigações e auditorias ainda estão em andamento e que, por isso, novos contratos e a suspensão do pagamento para essas empresas são necessários

O juiz da 7ª Vara Criminal da Comarca de Cuiabá, João Bosco Soares da Silva, proibiu o governo de Mauro Mendes e os 141 prefeitos de Mato Grosso de realizarem contratações com nove empresas de saúde investigadas na Operação Espelho, da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor). As empresas têm contratos de mais de R$ 100 milhões com o Estado. Durante a segunda fase da operação, em março, foram bloqueados R$ 35 milhões em bens dos investigados.

O juiz alegou que as investigações e auditorias ainda estão em andamento e que, por isso, novos contratos e a suspensão do pagamento para essas empresas são necessários. As empresas são suspeitas de terem participado de um cartel desde o início da pandemia da covid-19, atuando para conseguir contratos com o Estado e municípios.

Algumas das empresas têm os mesmos sócios e administradores, o que aumenta as suspeitas de cartel. Além da LB Serviços Médicos Ltda, atualmente conhecida como LGI Médicos, estão na mira dos investigadores: Intensive Care Serviços Médicos Ltda, Surgery MT, Serviços de Anestesiologia Anestec, Bone Medicina Especializada, Curat Serviços Médicos Especializados Ltda, Gonçalves Preza Serviços, Samir Yoshio Matsumoto Bissi Eireli-ME e Medtrauma Centro Especializado em Ortopedia e Traumatologia LTDA.

Apenas a LB Serviços Médicos recebeu R$ 17.512.843,54 em contratos durante a pandemia e empenhou R$ 23.201.670,61 em serviços prestados em diversos hospitais sob a administração do Estado. A Bone Medicina Especializada, que tem como administrador O.G.C., possui contratos superiores a R$ 20 milhões, segundo informações do Diário Oficial do Estado.

Gabriel Chemin, um dos investigados, aparece como administrador da empresa Curat Serviços Médicos Especializados Ltda. O inquérito e as decisões continuam em sigilo.

A defesa de um empresário de São Paulo teria procurado autoridades de Mato Grosso após a segunda fase da operação, com o objetivo de contribuir com a investigação e outras operações. Um possível acordo de colaboração premiada deverá ser avaliado pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT).